terça-feira, 30 de outubro de 2007

He is not that into you

Tecla SAP (como minhas amigas sempre me pedem quando eu solto uma dessas...)... Traduzindo grosseiramente, seria algo como "ele não está afim de você!" Mas na verdade, certas expressões idiomáticas perdem a eficiência e a genialidade quando traduzidas... talvez seja melhor explicar!!!
Há tempos atrás, assistindo um episódio de "Sex And The City", Miranda (uma das personagens principais) se dá conta que as mulheres sofrem e se martirizam muito por algo que na real tem uma explicação muito simples (muitas preferem continuar sofrendo e se martirizando... enfim...).
- Você sai com um cara pra jantar, por exemplo. A noite é ótima e você já prevê novas saídas, uma continuação...
- Você conhece um cara na balada, outro exemplo. Rola o maior clima, rola beijo, pegação... vocês terminam a noite juntos e foi tudo perfeito...
- A turma sai pra um barzinho, ou organiza uma festa, um churrasco... O cara fica te cercando, dá mole, fica te dando toda a atenção...
- Imagine quantos exemplos quiser...
...mas no dia seguinte, o cara não liga e uma semana depois, ele ainda não ligou...
A maioria das mulheres fica dias se perguntando o porquê!! Melhor ainda, fica imagiando ótimas desculpas para o sumiço, como:
- Ele deve estar trabalhando muito... tadinho...
- Ou então, ele deve ter tido alguma problema...
- Será que eu passei o número certo do meu celular...
- Talvez tem viajado a serviço...
HE IS NOT THAT INTO YOU!!!!!
Isso foi mágico pra Miranda!!! Muito simples: foi bom enquanto durou, mas o cara nem está querendo que continue a durar!!! Você não fez nada de errado!!
E é tão mais simples do que inventar inúmeras desculpas esfarrapadas... Claro que tem o lado triste: "putz, não rolou química, não deu certo!!" Mas assim fica muito mais fácil desencanar e partir pra outra... afinal se ele não quis, sempre tem quem queira!!!
Acho que passei por uma situação desta neste último fim de semana: a noite foi super divertida, rolou climinha o tempo todo, mas pra surpresa geral da nação, não rolou bj... Até fiquei encanada por algumas horas, pensando... mas como já disse, é simples: ele estava lá, eu estava lá, parecia (muito) que ele queria, parecia que eu queria (queria mesmo)... mas pelo visto ele nem quis tanto!!! Paciência!!! Vale lembrar: a fila sempre anda e algumas vezes ela até corre!!!!

domingo, 28 de outubro de 2007

O amor acaba

Uma crônica linda de Paulo Mendes Campos, remixada por Antonio Prata, que escreve para uma revista que acompanho há muito anos e que continua me agradando muito!!!
" O amor acaba. Assim foi e assim será. Numa Quarta-Feira de Cinzas, num sábado de carnaval. O amor se perde, entre o rebolado de duas passistas, debaixo da saia da baiana, o bumbo ecoando as batidas que já não vêm do coração. O amor encolhe, anoréxico, suicida-se de melancolia; acaba num átimo, de infarto - "tão jovem!", dirão -, ou aos poucos, pingando, em lenta e imperceptível hemorragia, pálido amor; morre de velhice, de obesidade, de preguiça, o amor e contas de luz de 1987: o amor embolora, cria fungos, amarela; acaba entre um sorriso e um soluço, no meio do filme, no cinema, no movimento da mão que busca a outra mão na poltrona, mas mão já não há; acaba no papel de bala amassado, metido no bolso: lá se vai ele, tão frágil, o amor; acaba no mesmo colo de sempre, na cama, num gozo triste, na distância entre dois corpos dormentes, num cafuné estéril, cadê o amor que estava aqui? O gato comeu, o ladrão levou, o anel que tu me destes era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas, cadê, meu Deus, o amor? O amor escorre, escapa, dissolve, seca, evapora-se de nós, pobres criaturas, "feitas apenas para amar e sofrer de amor"; o amor acaba nas férias, na praia, no sol, em segundas-feiras cinzentas no escritório, em piscinas e cinzeiros, em abraços e ofensas, o amor acaba com ódio, acaba mesmo com amor, nem tanto, um tanto só, de amor; acaba sozinho, culpado, acaba em conjunto, triste; esquece-se o amor, como uma música da infância, uma tarde em que morremos de rir, uma cidade inteira onde já estivemos e já não está mais dentro de nós; onde foi parar o amor? Foi-se embora pra Pasárgada, onde é amigo do rei (de nós, certamente, já não é), fugiu para Maracangalha (com Amália?), aposentou-se no beleléu, foi pro inferno, pro limbo, pro céu ou, quem sabe, reside agora num baú, num sótão, numa rua calma em Santa Rita do Passa Quatro; o amor não escolhe o momento de terminar, vai-se no susto de um pôr-do-sol interrompido por uma buzina, no primeiro ônibus da manhã, é soterrado pela pilha de jornais atirados diante da porta, vai embora com a borra do café; "em todos lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer o amor acaba"."